Bem vindos ao Adelós-Dêlos!

Ponto de discussões filosóficas de ouvintes do Lógos, recolhedoras do aberto...

... porque o invisível (adelós) por vezes fica visível (dêlos), pela escuta do que se diz com uma palavra.



quarta-feira, 15 de outubro de 2008

ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE

*Carta enviada de uma mãe para outra mãe em SP, após noticiário na tv:

De mãe para mãe...

Vi seu enérgico protesto diante das câmeras de televisão contra a
transferência do seu filho, menor infrator, das dependências da FEBEM em
São Paulo para outra dependência da FEBEM no interior do Estado.

Vi você se queixando da distância que agora a separa do seu filho, das
dificuldades e das despesas que passou a ter para visitá-lo, bem como de
outros inconvenientes decorrentes daquela transferência.

Vi também toda a cobertura que a mídia deu para o fato, assim como vi que
não só você, mas igualmente outras mães na mesma situação que você, contam
com o apoio de Comissões Pastorais, Órgãos e Entidades de Defesa de
Direitos Humanos, ONGs, etc...

Eu também sou mãe e, assim, bem posso compreender o seu protesto.

Quero com ele fazer coro.

Enorme é a distância que me separa do meu filho.

Trabalhando e ganhando pouco, idênticas são as dificuldades e as despesas
que tenho para visitá-lo.

Com muito sacrifício, só posso fazê-lo aos domingos porque labuto,
inclusive aos sábados, para auxiliar no sustento e educação do resto da
família.

Felizmente conto com o meu inseparável companheiro, que desempenha, para
mim, importante papel de amigo e conselheiro espiritual.

Se você ainda não sabe, sou a mãe daquele jovem que o seu filho matou
estupidamente num assalto a uma vídeo locadora, onde ele, meu filho,
trabalhava durante o dia para pagar os estudos à noite.

No próximo domingo, quando você estiver abraçando, beijando e fazendo
carícias no seu filho, eu estarei visitando o meu e depositando flores no
seu humilde túmulo, num cemitério da periferia de São Paulo...

Ah! Ia me esquecendo: e também ganhando pouco e sustentando a casa, pode
ficar tranqüila, viu? que eu estarei pagando de novo, o colchão que seu
querido filho queimou lá na última rebelião da Febem.

No cemitério, nem na minha casa, NUNCA apareceu nenhum representante
destas 'Entidades' que tanto lhe confortam, para me dar uma palavra de
conforto, e talvez me indicar 'Os meus direitos' !'

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