Bem vindos ao Adelós-Dêlos!

Ponto de discussões filosóficas de ouvintes do Lógos, recolhedoras do aberto...

... porque o invisível (adelós) por vezes fica visível (dêlos), pela escuta do que se diz com uma palavra.



sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

POR QUE "SER" NÃO É UM GÊNERO EM ARISTÓTELES

(Eu desenhei este esquema para tentar facilitar a visualização. Espero é que não atrapalhe. Clique na imagem para vê-la em tamanho ampliado)


O ser não é um gênero, porque:

- O gênero é comum a muitos;

- O gênero se desmembra em espécies por diferenças acrescentadas;

- Das espécies pode-se se dizer que são necessariamente o seu gênero. Ex. A planta (espécie) é necessariamente um vivente (gênero);

- Contudo, não se pode dizer que o gênero é necessariamente uma sua espécie. Ex.: Um vivente não é necessariamente uma planta;

- Assim, a diferença específica não está contida no gênero.

- Supondo, então, que “ser” seja um gênero, que pela diferença específica “verdadeiro” se torne a espécie, “ser verdadeiro”;

- “verdadeiro” teria de estar “fora” (não estar contido) em “ser”, de modo que “verdadeiro” não seria, isto é, seria nada, o que anularia a própria espécie.

- portanto, “ser” não pode ser um gênero uma vez que apenas o nada está fora (não está contido) do âmbito de ser.

Visualização pelo conjunto:

- A (gênero) – A1, A2, A3 (espécies)

- Todo A1 é necessariamente (mas não somente) A, porém todo A não é necessariamente A1.

- Neste caso, o número (1, 2, 3) seria a diferença específica, que não está em A. Os números não podem estar contidos em A para que A seja gênero.

Supondo SER um gênero:

- S (gênero) – S1, S2, S3 (espécies)

- Todo S1 é necessariamente (mas não somente) S, porém todo S não é necessariamente S1.

- Neste caso, todo número (1, 2, 3) seria diferença específica, que não está em S. Os números não podem estar contidos em S para que S seja genro.

- Aqui está o problema, porque tudo que é está em S (SER, ou seja, está no conjunto ser). Fora de S há apenas NADA (ou seja, nada há, “não existe” em sentido corriqueiro, "não é" em sentido próprio). Não sendo, não se pode dizer que “é 1, 2 ou 3”. Portanto, não há nada fora de S, e este não pode ser um gênero, porquanto admite apenas NADA fora de si, ou seja, não pode ter diferenças específicas e por conseguinte não pode ter espécies. Assim, SER não pode ser um gênero.


É simples e até bobo, eu sei, mas tem gente que consegue explicar isso mas pensa como se não tivesse entendido.

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