Dentro dos singelos atos de cada dia parecemos fazer escolhas. Daquelas que nos envolvem em círculos sem princípio ou fim. Muitas vezes, não sabemos como começamos exatamente a nos lançar em determinadas situações, que novamente nos põe a girar em círculos, circulantes, circunscritos...
Atos são resultados de escolhas, que são, por sua vez, resultados de nossas percepções remetidas à nossa mente, ou pensamento. Porém, muitas vezes nosso pensamento, que nada mais é do que uma ação mental, nos leva a uma negação da ação como forma de ação. Obviamente, não é somente a não conclusão de algo que faz com que se vele a ação de um sujeito. Há que se considerar, que a aparente inatividade é nada mais do que a afirmação de uma ação em sua forma contrária. Podemos simplesmente vivermos móveis em nossa imobilidade, da mesma maneira, que podemos viver imóveis em nossa mobilidade.
O que queremos é certamente agir como se deve, pensar como se quer, falar como se espera, ouvir quando se fala, sorrir quando conveniente... Mas, o que realmente faz de nós o um em meio a milhões de faces desconhecidas? O que nos faz diferentes dentre os iguais, se é exatamente a igualdade de ações em suas mais variadas formas que nos proporciona notoriedade para que assim sejamos conhecidos (pelos outros) a partir de uma pretensa individualidade?
Penso que há uma aporia constante em nossa maneira de ser, e não ser. Talvez, não somos o que queremos muitas vezes ser por não conseguirmos viver sem a aprovação do outro. Seria o outro parte de nós? Pois se somos o que o outro espera, somos provavelmente mais outro do que nós mesmos.
O que é intrigante, é que pouco pensamos no que nos faz ser, no que somos e no que realmente gostaríamos de ser. Não é tão difícil chegar em um conflito com nós mesmos se nos deparamos com questões que nos mergulham num vazio tão desgastante, que nos fazem lentamente perder o chão. Como poderíamos caminhar sem ele?
Construímos, nossos perfis, gostos, sentimentos e formas dentro daquilo que já nos é dado. Talvez, não sejamos, como pensamos, senhores de nosso "eu", mas sim meros receptáculos de nossa vida que é vivida ao passo que deixamos de pensar no que dela fazemos .