Estive algumas horas atrás numa rápida e intrigante conversa com alguns amigos. Seu assunto era comum dentre pessoas de todas as classes e religiões, obviamente com suas diferentes visões, abordagens e aceitações. Deus!
Sim, o assunto era exatamente este. Deus. O temido assunto entre seres que povoam a chamada academia moderna, ou pós-moderna, se for mais adequado.
A questão é que essa é sim uma eterna questão, que se mantém estagnada e estagnante.Tanto para os que não a discutem por seus dogmas e crenças particulares, quanto para os que simplesmente não "crêem". Seguindo esse raciocínio, digo que acreditar ou não em determinada coisa ou assunto, não deveria nos impedir de falarmos nele. Para dizermos sim ou não, precisamos antes acolher a dúvida, e muitas vezes permanecer com ela.
Darei aqui uma de psicóloga ou de qualquer coisa que se aproxime disso e direi que temos a triste mania de reduzir algo pra entendê-lo ou explicá-lo. Parece-me um consenso entre todos, que conceitos são conceitos e necessários. Mas até que ponto eles são realmente válidos e utilizáveis?
Voltando a questão inicial, o assunto surgiu a partir de uma aula em que o professor se prendeu um pouco na religião grega. Que é, sem dúvida, muito diferente da nossa. Nossa tradição cristã não veio da Grécia, ainda que Platão e Aristóteles povem o pensamento de alguns dos mais nobres nomes do cristianismo. Somos nesse aspecto, mais orientais.
Pensando sobre a religião grega, acabomos por fazer comparações ao que entendemos por religião. E ao fazermos isso, me dei conta de que pra quem não é religioso e/ou não acredita em Deus, a religião grega parece mais compreensível do que as que convivemos de longe ou de perto.
Percebi, através de alguns comentários, incluindo os que já ouvi por muitas vezes (unindo-os como num jogo de quebra- cabeças) que acreditar em Deus nos dias de hoje é ser taxado de limitado, alienado ou até mesmo alucinado. Como pode um homem em sã consciência, com tantos avanços tecnológicos acreditar em Deus? É quase um absurdo!
Dei-me conta, de que como existem as comunidades dos religiosos diversos pelo mundo afora, existem a dos não religiosos. Eles falam a mesma língua, a de não falarem em Deus. Onde essa questão, reduz-se a mera questão. Sendo o homem o seu criador, e não o contrário. Deve-se, "descriá-lo", ou melhor, ignorá-lo.
Pensar sobre a história das religiões, é realmente ver que não há consenso algum sobre qual a melhor maneira de se chegar a Deus, se é que ele realmente existe. Porém, para chegar n'Ele pode não ser preciso sair do lugar, atravessar qualquer porta, entrar em templo algum. Mas sim pensar... e pensar n'Ele é talvez se deixar levar pela possibilidade de sua existência, ouvi-lo com os olhos e vê-lo com os ouvidos. É perigoso pensar, pois damos brecha pra dúvida, pro sim e pro não. É fazer crítica da crítica, através de uma crítica particular.
E quem seria o primeiro dentre os "anti-Deus" a pôr em questão que assim como não há prova da veracidade de sua existência, não há também de sua inexistência? Quem ousaria sair do grupo dos que não falam e não pensam sobre isso? Quem se daria conta do tão óbvio que é separar religião de Deus? Quem seria humilde a ponto de se reconhecer como criatura de um criador racional, filho da razão e não pai dela? Quem se prontificaria a entender o fundamento das religiões antes de dizer que não fazem sentido? Quem se permitiria quebrar o pré- conceito?
Um comentário:
Salve, Diego!
Isso me lembrou umas reflexões que andei tendo a respeito do que seja a fé... Diz-se que a fé é a crença aparentemente infundada no que não se pode provar e, sobretudo, sequer conhecer. Acreditar-se-ia porque se querer acreditar, sem razão nenhuma para fazê-lo. Mas me pergunto se a fé não é uma questão muito mais íntima com aquilo que não se pode comunicar, aquilo que só existe no âmbito da experiência pessoal e que, portanto, a língua não encontra nenhum meio de dizer dentro da razão, como gostam os intelectuais.
Enfim, só questões, como sempre. Esse é mesmo um assunto intrigante. Bom ver alguém que não tenha medo de entrar nele.
Abraço, meu caro!
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