A primeira questão em qual nos deparamos é: o que é o conhecimento? e ao tentarmos responder essa questão, pisamos então num chão muito frágil e delicado. O que nos faria acreditar que ele realmente existe? Sim, ele o conhecimento ou episteme. Por longos anos de filosofia tentamos responder essa questão, no entanto, ela não parece estar nem próxima de ser desvendada. Mas como posso eu fazer tal afirmativa, se não posso também asseverar qualquer coisa sobre o conhecimento? Talvez fosse possível dizer que ele esteja próximo ou distante de nossas expectativas, após longos anos de intensa busca. Porém, suspenderei o juízo (como os céticos) e não me arriscarei a prosseguir com essa questão. Dessa maneira, estaríamos nós então perdidos num abismo sem fim? Certamente a ciência está aí pra nos dizer que não. Mas até que ponto a ciência se basta? Creio que Heidegger nos diria que ela se basta sem se bastar, que estamos nós mergulhados num pretenso desvelar, propiciado pela técnica, em sua razão racionalizante. Não seríamos consequência da retração da verdade, mas sim sua causa e sua razão de ser. Tornamo-nos a partir da contribuição metafísica, mais humanistas, menos naturalistas (no sentido mais originário do termo) e ironicamente, menos humanos.
Dando agora, extraordinariamente, um salto ao pretérito saber atomista, nos deparamos com a origem do pensamento materialista. Sim, pois Marx construiu sua filosofia com bases democritianas e epicuristas. É portanto, válido ressaltar que tratam-se de filosofias, com suas ricas lacunas que nos propiciam um constante pensar questionador. Duvernoy nos diz que o pensamento atomista nos fala ainda com seriedade por seu "procedimento racional". Ao mesmo tempo, "nos ensinaram que toda síntese é prematura e que todo sentido é problemático."
Todo conhecimento compreende lacunas, por mais generalizante que o seja. Se nos bastássemos com uma filosofia, esta não seria apenas mais uma, mas sim a filosofia. O pensar pensante não seria mais o motor dos homens, não estaríamos mais mergulhados na técnica apresentada por Heidegger, mas sim, afogados nela. Creio eu, que Marx não pretendeu lançar ninguém num abismo alienante. Sua filosofia teórica nos permitiu e permite pensar criticamente nossa realidade, mas sua prática apresenta-se incoerente não apenas pela compreensão de nossas realidades, mas principalmente por nossa própria existência. Como consequência, seríamos causa não apenas da morte de Deus ( como já o somos), mas da morte da filosofia.
Um comentário:
sua prática é incoerente em que sentido? porque pode ser coerente em algum sentido...
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